sexta-feira, 29 de junho de 2012

Himalaias

Os glaciares analisados no âmbito do projecto ‘Ice Watch’ e retratados neste blog, foram: Exit glacier, Alasca; Aletschgletscher, Suíça; glaciar ‘M’ do Kilimanjaro, Tanzânia; glaciar Chacaltaya, Bolívia; Jostedalsbreen, Noruega. Termino esta análise (eventualmente, sem prejuízo de recuperar histórias do Exit e do Kili) com um glaciar dos Himalaias - o Gebrayak, no Tibete, oposto ao vale do Khumbu pelo qual escorrem os gelos do Everest.

O Sherpa Temba Tsheri, que com 16 anos (em 2001) foi o mais jovem a escalar o Everest, disse em 2004: “Everest é o orgulho da Nação, mas mais do que isso, é um presente para o mundo. O lago Tsho Rolpa formou-se perto da área de onde venho. Os locais vivem com medo de que o lago rebente” (esta não pára de encher com a neve derretida). O Sherpa Pemba Dorjee, o mais rápido alguma vez a escalar o Everest (subiu-a 4 vezes), disse: “No ano passado quando Edmund Hillary veio ao Everest (2003), ele disse-me que muita neve tinha derretido nos 50 anos que passaram desde que ele escalou por primeira vez o Everest. Em 1953 a neve e o gelo chegavam até ao campo base, mas agora acaba 5 km mais acima. O Everest está a perder a sua beleza natural. Se isto continua, então os turistas não virão mais. As nossas comunidades dependem do turismo. É o meu sustento, como guia de expedições e escalador, e se perdermos isto, não haverá nada para as nossas crianças.”

Cesare, guia da empresa italiana de expedições Mountain Kingdom, que partilhou comigo a estadia no campo base avançado do Cho Oyu, confirmou que, anos atrás, as ‘velas’ de gelo do glaciar frente ao passo Nhampa-lá e ao ABC (nas fotos), eram mais altas. Enviou-me fotografias suas (de 2005 e 2006) para compará-las com as minhas (de 2011). De facto notam-se algumas ‘ausências’, mas devido à quantidade de neve existente a tal altitude, especialmente na época pós-monções em que ali estive, é ainda difícil falar de consequências naquelas latitudes – quando muito estas notar-se-ão nos deltas dos grandes rios (Ganjes e Yangtzé, entre eles) que aqueles glaciares acabam por alimentar...


Fotos: pináculos entre ABC e Camp 1, em 2005 e em 2011.

De facto, embora houvesse mais neve recentemente caída no ano de 2011 relativamente ao de 2005, após uma comparação atenta de algumas fotos, encontramos alguma ‘faltas’ no gelo permanente (o que conta), em forma de ‘vela’, no ano mais recente. A falta mais óbvia e significativa verifica-se na morena do glaciar onde, no ano mais recente, os pináculos de gelo já não se aproximam tanto da crista daquela como no ano de 2005:

Fotos: morena do Gebrayak em 2005 e em 2011.

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