terça-feira, 5 de junho de 2012

O meu novo livro (ainda não editado), 'Horizonte Branco - reflexões da montanha', aborda o tema da redução dos glaciares e as conclusões das análises efectuadas a diversos glaciares de 5 continentes. Aqui fica um trecho..."A alta montanha constitui um espaço natural rude, crú e genuíno, e,  como tal, de maior elevação, de fuga à maldade de que se impregnam as urbes, os espaços de concentração humana onde caprichos e ambições pessoais cada vez mais se sobrepõe a tudo o resto. Não me refiro à crueldade, porque este meio natural também apresenta essa faceta. No entanto, essa é precisamente a que condiciona as nossas prioridades, remetendo para segundo plano os nossos egoísmos, a mesquinhês, o desenvolvimento dentro de nós de caprichos de comodismo, vaidade e luxúria...
A viagem por estes horizontes começou, talvez, nos Pirinéus ou nos Alpes. Adquiriu contornos, eventualmente, na cordilheira andina. Germinou, possivelmente, nas montanhas do Cáucaso. Seguramente ganhou corpo no Alasca e nos maiores e mais longos glaciares da  Europa e África.  Materializou-se  nos  Himalaias,  a  cordilheira que acomoda as mais altas montanhas do mundo, onde muitos se candidatam a passar por diferentes tipos de ‘sofrimento’ mas só uns poucos encontram verdadeira justificação para tal.
De mais de 8 mil metros de altitude desci uma destas montanhas a esquiar, ao passo que outros viviam horas trágicas na procura de uns minutos de ‘glória’ pessoal. A tragédia é a companheira temida, maldita e dispensável, mas por vezes inevitável, em cada uma destas montanhas: a derrota está sempre presente, os sucessos são duvidosos. Uma jovem promessa do alpinismo espanhol, Lucía, de 23 anos, comprometida com o seu objectivo, irradiando tenacidade e perseverança, viveu esse conflito".
Foto: desde o Elbrus, Rússia

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