segunda-feira, 16 de abril de 2012

O meu compromisso pessoal, desde há vários anos, com questões ambientais e desportivas, levou-me a investigar sobre a regressão de alguns glaciares do mundo em consequência das alterações climáticas. Revia-me na perspectiva do aventureiro extremo Mike Horn (“o que podemos dar ao mundo em retorno” daquilo que exploramos e estragamos?), e o objectivo da iniciativa seria contribuir com uma pequena parte – devolver ao planeta, sob a forma de consciencialização, um pouco daquilo que lhe retiramos, sem olhar aos ‘danos colaterais’…
Para isso, o programa de visitas a alguns destes glaciares mais representativos, adquiriu o nome de ‘Ice Watch’ (ver http://glaciarwatch.blogspot.com) e assumiu a forma de um desafio desportivo, como a travessia do glaciar em causa ou a subida a alguma montanha adjacente.
«As expedições perdem um pouco do carácter pioneiro anterior (lugares realmente novos para explorar quase deixaram de existir), e passam a ser essencialmente ‘solitárias’, mas também ‘solidárias’. Hoje em dia, ganha força uma nova dimensão das viagens de exploração: o desporto de intervenção. Ou seja, organizam-se viagens e aventuras que chamem atenção dos meios de comunicação e tenham repercussão no público, com vista a alertar a consciência colectiva para determinados problemas sociais e a contribuir para a sua resolução. As grandes causas ganham novos aliados - os ‘novos aventureiros’, que deste modo procuram encontrar maneira de financiar o seu projecto e de dar o seu contributo para causas importantes nas sociedades de hoje (poluição, pobreza, injustiça, protecção da vida animal, …), tentando ‘devolver’ ao mundo um pouco daquilo que nos habituámos a retirar sem medir consequências», tentei explicar em ‘Os novos exploradores e a aventura dos sentidos’.

Na superfície da Terra há cerca de 5.398.263.000 km³ de água, que se distribuem da seguinte forma:
- 1.320.000.000 km³ (97%), água do mar.
- 40.000.000 km³ (3%), água doce.
- 25.000.000 km³ (1,8%), gelo.
- 13.000.000 km³ (0,96%), água subterrânea.
- 250.000 km³ (0,02%), água de lagos e rios.
- 13.000 km³ (0,001%), vapor de agua.

A vasta maioria, quase 90%, da massa de gelo da Terra situa-se na Antártida, enquanto que a capa de gelo da Groenlândia contém 10% do total da massa de gelo do planeta.
Os glaciares retrocedem quando o gelo do fundo se derrete mais rapidamente do que a velocidade a que o mesmo é empurrado montanha a baixo (pela acumulação a montante). Este fenómeno acelerou-se em anos recentes devido à menor percipitação geral em forma de neve, provocada pelo ‘aquecimento global’.
A capa de gelo do Pólo Norte, está 2 milhões de km2 mais pequena do que no final do séc. XX - a perda de gelo registada desde os anos 70 “é maior do que alguma vez foi em, pelo menos, 1450 anos” (Jornal i, 30.11.11). O canal espanhol La Sexta divulgou (18.03.12) a conclusão que prova que “nos últimos 4 anos duplicou o derretimento do gelo nos glaciares”.
No Alasca exitem dezenas de milhar de glaciares. Os factores climáticos afectam-nos ainda hoje e, durante o corrente aquecimento do clima, aqueles retrocedem e reduzem-se em dimensão, em percentagens “facilmente mensuráveis numa escala anual” (Susan Huse, bióloga do Alaska Support Office).
Ali em Seward, em Junho de 2008, e na sequência da travessia dos glaciares do Denali para chegar ao ‘cume do continente norte-americano’, o grupo de espanhóis e um português (expedição ‘Iberian Climbers’) decidiu, com alguma persuasão, visitar o glaciar Exit (além de, mais ao norte, o paralelo 66º que marca a linha de início do circulo polar ártico, e as termas naturais de Sheena...).

Os glaciares analisados no âmbito do projecto ‘Ice Watch’ e aqui retratados, são: Exit glacier, Alasca (na foto); Aletschgletscher, Suiça; glaciar ‘M’ do Kilimanjaro, Tanzânia; glaciar Chacaltaya, Bolivia; Jostedalsbreen, Noruega; Gebrayak, Tibete.