terça-feira, 28 de agosto de 2012

Dos glaciares às florestas!

Dos glaciares às florestas é uma espécie de passagem de testemunho. Os dados são tão alarmantes para um sistema como para outro, mas todos têm a mesma origem!

«No início do ano (04.04.11), a TVE divulgou que se tinham atingido os 40% na redução da capa de ozono sobre o Ártico. No final do ano (29.11.11), o jornal i referia que o Ártico está 2 milhões de km2 mais pequeno do que no final do século XX – a perda de gelo registada desde os anos 70 “é maior do que alguma vez foi em, pelo menos, 1450 anos”.

A história do consumo energético e do crescimento económico e demográfico da humanidade nos últimos 100 anos “indica-nos que as alterações climáticas são, em boa parte, consequência de um desenvolvimento económico e demográfico sem precedentes, possibilitado pelo uso massivo dos combustíveis fósseis”, como o carvão, o petróleo e o gás (Mariano Marzo, catedrático de Recursos Energéticos, Fac. Geología Univ. Barcelona, El País, 22.02.11). Segundo a Organização Mundial de Meteorología, 17 países registaram em Agosto de 2010 recordes de temperaturas máximas. Se alguém ainda tem dúvidas de que o Homem está a provocar o aquecimento global, aqui ficam mais dados objectivos: “O séc. XX foi o mais quente dos últimos 1.000 anos” (NCuatro, 06.02.11). Os 13 anos mais quentes registados na Terra aconteceram nos últimos 15 anos; a Finlândia teve o verão mais quente em 200 anos (2011); a Arménia bateu o recorde da temperatura mais alta na história do país: 43,7º; no leste do Quénia, oeste da Somália e sul da Etiópia, choveu menos 50% a 80% do que o normal. No sudeste da Ásia, a época das monções (Jun.-Set.) foi muito mais molhada do que o habitual - em alguns lugares como o delta do Mekong choveu 80% mais que o normal (jornal i, 30.11.11).

Um novo estudo demonstrou que um terço da floresta Amazónica está em risco de desaparecer até ao final do século, se a temperatura média aumentar 2º (sem contar com a continua desflorestação provocada pelo Homem) – acontece que a temperatura já aumentou 0,75º. Se chegar a 1 grau o processo pode tornar-se irreversível… A Amazónia absorve 1,5 milhões de toneladas de CO2 (o equivalente à poluição dos EUA?), mas a última grande seca afectou 3 milhões de km2 da floresta. A grande floresta era vista como o pulmão do mundo, mas agora percebemos que é mais do que isso - com 20% da água doce que corre no mundo, ela desempenha também funções de rim para o planeta e as de outros orgãos reguladores, tal como no corpo humano. O problema agora é que de purificador a Amazónia pode passar a contribuinte para a poluição…
O problema da devastação das florestas é, como tal, de primordial importancia. Se há uns anos se soube que na Malásia sobravam apenas 20% da floresta original, agora é a exploração ilegal de madeira na Serra Leoa que está a pôr em risco de sobrevivência as florestas do país – estas poderão desaparecer dentro de uma década e membros do governo estão envolvidos no negócio (jornal i, 30.11.11)».
 
Trecho de ‘Ensaio sobre a solidão’ (o livro a publicar sobre a travessia do Atlântico, a remos). Remeto-vos agora para o blog desta travessia que transporta uma mensagem sobre Eco-eficiência, Conservação e Sustentabilidade, através da defesa das florestas, em particular da Amazónia: http://travessiaoceanica.blogspot.com (ou http://paraguacu2012.blogspot.com, em castelhano e inglês).
No facebook podem seguir através de:

Fotos de 'Save the Amazonas' (a do cadáver de zebra é do autor e foi registada durante o programa Ice Watch no Quénia).

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Mais desgelo...

A ‘Passagem do Noroeste’, a via que liga o Atlântico norte ao norte do Pacífico, esteve pela primeira vez livre de gelo durante um Inverno – foi em 2007! A esta referência do livro ‘Os Novos Exploradores Lusos e a Aventura dos Sentidos’ (Bubok.pt, 2011), seguia-se um comentário do Dr. John Gerrard, geomorfologista e Presidente da Fundação Mount Everest, que dizia não haver muitas dúvidas de que “a maioria dos glaciares estão a retrair-se a uma percentagem elevada. Isto terá repercussões a médio prazo no abastecimento de água mas pode ter impacto mais imediato ao nível das catástrofes naturais.”

Agora, em Julho deste ano, registou-se o desaparecimento de 97% da capa de gelo que cobre a Groenlândia! O fenómeno ocorre sempre no verão mas não há registos de que alguma vez tenha tido esta magnitude. Desta vez, segundo as observações via satélite, o fenómeno consomou-se em apenas alguns días!
A NASA acrescentou que o desgelo "se extendeu rapidamente" e, enquanto a 8 de Julho os satélites mostravan que afectaba cerca de 40% da superficie, quatro dias depois 97% da superfície tinha derretido! Os investigadores ainda não determinaram como este desgelo massivo afectará a subida do nível do mar e a perda de massa de água da ilha (segundo http://www.clarin.com/medio_ambiente/inedito-derritio-completo-cubre-Groenlandia_0_743325841.html, de 25.07.12). Que é como quem diz: ‘não determinaram a gravidade das consequências’. Mas é melhor mesmo passar a contar com elas!